terça-feira, 30 de janeiro de 2018

PRAÇA DE GOMES TEIXEIRA

Não faltam ruas, praças, avenidas, etc., na nossa cidade, que não tenham duas toponímias. A oficial e a popular. A popular é         consagrada pelo tempo, pelos hábitos, pela história e memória dos lugares e quase sempre traduzem a evolução dos sentimentos dos portuenses em relação a eles. Um desses espaços urbanos é, sem sombra de dúvidas, os “Leões”, uma das praças nobres por excelência do Porto e mais conhecida por aquela designação do que a consagrada pela Câmara. Oficialmente chama-se Praça de Gomes Teixeira, mas aqueles leões alados, colocados no meio da praça no século XIX pela companhia francesa que estava a administrar as águas da cidade, caíram no goto das pessoas que diziam que aqueles leõezinhos eram filhos da águia e do leão colocados na Rotunda da Boavista, perdão, Praça de Mouzinho de Albuquerque! Mas não se pense que aquele nome foi o único que aquele espaço ostentou. Nada disso. Já foi Largo do Carmo, Praça do Carmo (o convento dos carmelitas, próximo, influenciou), Praça dos Voluntários da Rainha em 1835, Praça da Universidade e até Praça do Pão, apesar da designação ter sido importada da vizinha Praça de Santa Teresa.
Gomes Teixeira nasceu em Armamar no dia 1851. Em 1874, licenciou-se em Matemáticas com 20 valores na Universidade de Coimbra. No ano seguinte, doutorou-se com igual valor, facto sem precedentes na Universidade. Aos 25 anos, foi convidado para professor universitário e, aos 30, já era Catedrático de Cálculo Infinitesimal e Integral. Vem para o Porto, para a Academia Politécnica (antecessora da Faculdade de Ciências). É nomeado reitor até 1919, quando atingiu o limite de idade que o afasta da docência, mas o seu prestígio leva-o à direcção do Instituto de Investigação Científica da História das Matemáticas Portuguesas.
Gomes Teixeira morre em 1933, com 82 anos. No seu elogio fúnebre, Duarte Leite, outro grande matemático e historiador, considerou-o o maior matemático da Península e um dos mais respeitados da Europa. Parece que, na altura da sua morte, era mais conhecido e respeitado no estrangeiro do que em Portugal! – Algo clássico como sabemos… Por isso é que, contrariando a regra de consagrar sítios na cidade com nomes que nada têm a ver com o local, o nome de Gomes Teixeira merece plenamente estar imortalizado no local onde a sua carreira docente esteve ligada.   

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