ANA PLÁCIDO
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Filha da burguesia
portuense, ainda que a sua família vivesse com alguma dificuldade, Ana Plácido
estaria condenada a uma existência banal e vulgar, se não se tivesse cruzado
com Camilo Castelo Branco
Ana era uma mulher
culta, mundana, com prosa elegante dada às questões do espírito e era a musa de
uma série de candidatos a românticos, muito ao gosto da época.
Mas esta mulher vai
tornar-se alvo da chacota popular, motivo da ira de uma burguesia que se regia
por códigos morais conservadores onde a
hipocrisia era estimulada através do velho código de públicas virtudes eivadas
de vícios privados.
Tudo isto porque Ana
Plácido vai revoltar-se contra a moral puritana do seu tempo e
deixar-se levar pelo coração e trocar o marido, Pinheiro Alves, pelo fogoso e
genial Camilo Castelo Branco.
Dada a lenta
decadência económica da família, Ana é aconselhada a casar com o pacato comerciante
morador, tal como ela, na Rua do Almada no Porto.
Ana e a família viviam
uma existência de média burguesia na Rua do Almada nº 28.
Em 1850, com 19 anos de idade, casa com Manuel
Pinheiro Alves, “ Brasileiro “ de torna viagem, possuidor de uma fortuna
considerável.
Dada a diferença de
idades, 24 anos, é de considerar que o casamento fosse de conveniência, o que à
época era muito comum….
Em 1852 seu pai
António Plácido Braga morre no desastre do vapor “ Porto”, junto à Foz do
Douro.
Por meados de 1855,
1856 Camilo e Ana conhecem-se e logo a paixão se vai instalar na almas daquelas
duas criaturas que se vão tornar amantes e fazer parte dos escândalos da cidade
dado a ligação adúltera ser do domínio público.
Manuel Pinheiro Alves
é instigado pelos seus pares comerciantes a denunciar às autoridades o
adultério da mulher, tal facto veio a suceder e ambos são presos na Cadeia da
Relação e é-lhes levantado um processo-crime ao abrigo do artigo nº 401 que penalizava situações semelhantes com
pena de degredo, para a adúltera, e de prisão para o adúltero.
Depois de peripécias
várias e com a conivência do pai do escritor Eça de Queiroz, que era juiz na
Comarca do Porto, o casal vai ser absolvido aquando do julgamento que aconteceu
na então Travessa da Fábrica, actual Praça de Filipa de Lencastre.
Ana Plácido, quando
foi presa, começou a colaborar com os jornais da época, e para eles escreveu
artigos. Os leitores dos periódicos como “ O Nacional”, “ O Futuro”, entre
outros, são testemunhas
da veia literária de
Ana Plácido.
Muitas vezes tinha-se
que esconder atrás de iniciais para dissimular o facto de ser mulher e ser quem
era…
Entretanto Pinheiro
Alves falece e o casal vai viver para S. Miguel de Seide, para uma quinta
pertença do falecido e que tinha ido parar às mãos do filho do casal Manuel
Plácido Alves, to as As últimas revelações apontam que este filho de Ana
Plácido, não era filho nem de Manuel Pinheiro Alves nem de Camilo, mas sim de
uma relação que Ana Plácido teve com um seu antigo namorado, que entretanto
tinha ido para o Brasil e que regressou a Portugal em Agosto de 1857, seu nome; António Ferreira Quiques.
Ana e Camilo irão ter
dois filhos, Jorge Camilo Castelo Branco, nascido em 1863 e Nuno Plácido Castelo Branco, nascido
em 1864.
Ambos vão ter uma
existência trágica, povoada de loucuras e taras, que vão agravar os problemas de Camilo…
Ana Plácido, apesar de
viver à sombra do génio de Seide pública Luz Coada por Ferros, contos e
memórias que Ana Plácido vai dedicar a Maria Amália Plácido, uma das suas três irmãs.
Uma delas, Antónia Cândida,
vai casar com António Bernardo Ferreira, filho da famosa Antónia Adelaide
Ferreira, a Ferreirinha da Régua…
Publicou um romance,
inacabado, Regina, na Gazeta Literária, em 1871 edita o romance Herança
de Lágrimas.
Foi tradutora de
inúmeros livros para a famosa editora Chardron, antecessora da Lello &
Irmãos.
Ana Plácido e Camilo
só irão casar em 1888, e por muita pressão de amigos do casal, concluindo o
enlaçe numa casa da Rua de Santa Catarina no Porto.
Os últimos anos vão
ser penosos, muitas consumições, Camilo a escrever a um ritmo frenético para
poder sustentar a família e em 1890 Camilo suicida-se, depois de ter sido
informado que a sua cegueira era irreversível.
Ana Plácido vem a
falecer em 1895, com 65 anos extinguindo-se assim uma vida toda ela marcada
pela profunda paixão pelo génio de Seide
e que modificou totalmente a existência de uma mulher culta, letrada e que lutou contra a moral do seu tempo e contra as convenções que aprisionavam as mulheres.
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