segunda-feira, 5 de março de 2018

Ana Plácido



ANA PLÁCIDO 

Ana Augusta Plácido (1831-1895) era filha de António José Plácido Braga e de Ana Augusta Vieira, nasceu no Porto, na Praça Nova, actual Praça da Liberdade, no dia 27 de Setembro de 1831.
Filha da burguesia portuense, ainda que a sua família vivesse com alguma dificuldade, Ana Plácido estaria condenada a uma existência banal e vulgar, se não se tivesse cruzado com  Camilo Castelo Branco
Ana era uma mulher culta, mundana, com prosa elegante dada às questões do espírito e era a musa de uma série de candidatos a românticos, muito ao gosto da época.
Mas esta mulher vai tornar-se alvo da chacota popular, motivo da ira de uma burguesia que se regia por códigos  morais conservadores onde a hipocrisia era estimulada através do velho código de públicas virtudes eivadas de vícios privados.
Tudo isto porque Ana Plácido  vai revoltar-se  contra a moral puritana do seu tempo e deixar-se levar pelo coração e trocar o marido, Pinheiro Alves, pelo fogoso e genial Camilo Castelo Branco.
Dada a lenta decadência económica da família, Ana é aconselhada a casar com o pacato comerciante morador, tal como ela, na Rua do Almada no Porto.
Ana e a família viviam uma existência de média burguesia na Rua do Almada nº 28.
 Em 1850, com 19 anos de idade, casa com Manuel Pinheiro Alves, “ Brasileiro “ de torna viagem, possuidor de uma fortuna considerável.
Dada a diferença de idades, 24 anos, é de considerar que o casamento fosse de conveniência, o que à época era muito comum….
Em 1852 seu pai António Plácido Braga morre no desastre do vapor “ Porto”, junto à Foz do Douro.
Por meados de 1855, 1856 Camilo e Ana conhecem-se e logo a paixão se vai instalar na almas daquelas duas criaturas que se vão tornar amantes e fazer parte dos escândalos da cidade dado a ligação adúltera ser do domínio público.
Manuel Pinheiro Alves é instigado pelos seus pares comerciantes a denunciar às autoridades o adultério da mulher, tal facto veio a suceder e ambos são presos na Cadeia da Relação e é-lhes levantado um processo-crime ao abrigo do artigo nº  401 que penalizava situações semelhantes com pena de degredo, para a adúltera, e de prisão para o adúltero.
Depois de peripécias várias e com a conivência do pai do escritor Eça de Queiroz, que era juiz na Comarca do Porto, o casal vai ser absolvido aquando do julgamento que aconteceu na então Travessa da Fábrica, actual Praça de Filipa de Lencastre.
Ana Plácido, quando foi presa, começou a colaborar com os jornais da época, e para eles escreveu artigos. Os leitores dos periódicos como “ O Nacional”, “ O Futuro”, entre outros, são testemunhas
da veia literária de Ana Plácido.
Muitas vezes tinha-se que esconder atrás de iniciais para dissimular o facto de ser mulher e ser quem era…
Entretanto Pinheiro Alves falece e o casal vai viver para S. Miguel de Seide, para uma quinta pertença do falecido e que tinha ido parar às mãos do filho do casal Manuel Plácido Alves, to as As últimas revelações apontam que este filho de Ana Plácido, não era filho nem de Manuel Pinheiro Alves nem de Camilo, mas sim de uma relação que Ana Plácido teve com um seu antigo namorado, que entretanto tinha ido para o Brasil e que regressou a Portugal em Agosto de 1857, seu nome;  António Ferreira Quiques.
Ana e Camilo irão ter dois filhos, Jorge Camilo Castelo Branco, nascido em  1863 e Nuno Plácido Castelo Branco, nascido em 1864.
Ambos vão ter uma existência trágica, povoada de loucuras e taras, que vão agravar os  problemas de Camilo…
Ana Plácido, apesar de viver à sombra do génio de Seide pública Luz Coada por Ferros, contos e memórias que Ana Plácido vai dedicar a Maria Amália Plácido, uma das suas três  irmãs.
Uma delas, Antónia Cândida, vai casar com António Bernardo Ferreira, filho da famosa Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha da Régua…
Publicou um romance, inacabado, Regina, na Gazeta Literária, em 1871 edita o romance Herança de Lágrimas.
Foi tradutora de inúmeros livros para a famosa editora Chardron, antecessora da Lello & Irmãos.
Ana Plácido e Camilo só irão casar em 1888, e por muita pressão de amigos do casal, concluindo o enlaçe numa casa da Rua de Santa Catarina no Porto.
Os últimos anos vão ser penosos, muitas consumições, Camilo a escrever a um ritmo frenético para poder sustentar a família e em 1890 Camilo suicida-se, depois de ter sido informado que a sua cegueira era irreversível.
Ana Plácido vem a falecer em 1895, com 65 anos extinguindo-se assim uma vida toda ela marcada pela profunda paixão pelo  génio de Seide e que modificou totalmente a existência de uma mulher culta, letrada e que lutou contra a moral do seu tempo e contra as convenções  que aprisionavam as mulheres.

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