CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DO PORTO
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Bernardo Valentim Moreira de Sá ( 1853-1924 ) |
O Conservatório de Música do Porto foi fundado em 9 de
Dezembro de 1917, sendo a sua primeira morada o palacete que o 1º Visconde de
Vilarinho de S. Romão (António Lobo Barbosa Ferreira Teixeira Girão) mandou
edificar na Travessa do Carregal nº 87. Após a sua morte, e sem descendência,
passou o título para seu sobrinho, Álvaro Ferreira Girão, casado com D. Júlia
Clamowse Brown (filha da poetisa portuense Felicidade Brown), que aqui viveu
durante muito tempo. Faziam gala do uso da sua capela dedicada a Santo António
do Carregal, que ficava (e fica) logo a seguir ao portão da entrada, mas
perfeitamente autónoma, com porta para a rua, encimada por uma coroa condal e,
no granito, sobrepujando a porta, a pedra de armas da família e a data
"1487 - 1903". Hoje a capela tem uma outra utilização pois está ao
serviço da noite do Porto, pois alberga um bar!
Em 1851, esteve aqui alojado o Asilo da Infância, com
a particularidade de ter na porta da rua uma caixa de esmolas, solicitando
donativos aos transeuntes. A instalação do Conservatório deve-se ao empenho de
várias pessoas ao longo de décadas. A necessidade da instalação no Porto de uma
escola de música já vinha de longe à imagem do que aconteceu em Lisboa com a
criação em 1835 do Conservatório Nacional. Após algumas tentativas goradas, e
com o ambiente favorável gerado pela implantação da República, Raimundo de
Macedo conseguiu o tão almejado propósito, não sendo despiciendo o facto de o
conhecido pianista e director de orquestra ser figura muito respeitada nos
meios culturais.
O número de alunos
matriculados no ano lectivo de 1917/18 foi de 339, distribuídos pelos cursos de
Piano, Canto, Violino e Violeta, Violoncelo, Instrumentos de Sopro e
Composição. O Corpo Docente fundador era constituído por: Raimundo de Macedo,
Joaquim de Freitas Gonçalves, Luís Costa, José Cassagne, Pedro Blanco, Óscar da
Silva, Ernesto Maia, Moreira de Sá, Carlos Dubini, José Gouveia, Benjamim
Gouveia e Angel Fuentes. Por indicação do Conselho Escolar e decisão da Câmara
Municipal, a primeira direcção foi constituída por Moreira de Sá como director
e Ernesto Maia como subdirector. Só em 1975 é que o Conservatório conheceu uma
nova casa. De facto, o velho palacete já não obedecia às novas necessidades e
exigências e por isso não é de estranhar que a direcção da escola de música
tenha junto da câmara alvitrado a hipótese de compra do Palacete que pertenceu
à família do banqueiro Pinto Leite à rua da Maternidade. Só que após troca de
correspondência com a edilidade portuense este foi de facto adquirido. Mas,
estávamos em 1975! Em pleno PREC, com a efervescência típica de um período
revolucionário, correu o boato que o velho palacete iria ser ocupado por forças
políticas radicais. Assim a direcção da época decide ocupar o palacete que
oficialmente iria ser deles! Curiosa aceitação do espírito da época por parte
de uma instituição tão prestigiada.
Até Abril de
1974, altura em que novos modelos de gestão foram adoptados nas escolas, o
Conservatório de Música do Porto teve como Directores: Moreira de Sá, Ernesto
Maia, Hernâni Torres, Luís Costa, José Gouveia, Joaquim Freitas Gonçalves,
Maria Adelaide Freitas Gonçalves, Cláudio Carneyro, Stella da Cunha, Silva
Pereira e José Delerue.
Mais uma vez são as condições de instalações que ditam
a necessidade de mudança e assim não é de estranhar que a partir de 1999/ 2000
o Conservatório consiga um terreno junto à Casa da Música (e melhor sitio
haveria que este?) mas mais uma vez uns contratempos fizeram as coisas mudar de
rumo. É nesta altura que surge a hipótese da mudança se efectuar para a
instalação da Escola Carolina Michaelis. Hipótese mais uma vez gorada! Mas em
2007, finalmente nova casa, junto ao velho Liceu Rodrigues de Freitas, agora
Escola Secundária, após obras para condignamente poder receber a escola, vai albergar,
(espera-se por muitos anos) uma escola que já teve nos seus quadros vultos do
nível de: Moreira de Sá, Ernesto Maia, Hernâni Torres, Luís Costa, Cláudio Carneiro,
José Delerue Helena Sá Costa e a sua irmã Madalena, Miguel Ângelo, Carlos Dubini,
José Napoleão e outros vultos não só da musica portuense como nacional.
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