FREGUESIAS DO PORTO
1ª PARTE - CENTRO HISTÓRICO
FREGUESIA DA SÉ
1ª PARTE - CENTRO HISTÓRICO
FREGUESIA DA SÉ
Podemos dizer que foi aqui que tudo aconteceu. A
Sé, o velho promontório rochoso da Pena Ventosa é (juntamente com a Ribeira?) o
mais antigo local de ocupação humana, de uma forma perene, que o Porto
conheceu.
A zona da Sé foi ocupada pela cultura castreja que,
apesar de tudo, não nos deixou muitos elementos físicos da sua presença. Nada
de novo, no que à civilização castreja diz respeito.
Segundo alguns autores, terão existido centenas de
povoados no Norte de Portugal e, no que à Sé diz respeito, foi na vetusta Rua
de D. Hugo que foram encontradas as provas dessa mesma ocupação. A datação
aponta para a segunda metade do primeiro milénio a.C.
Depois vieram os Fenícios e chegamos à fase que nos
interessa, a construção da muralha dita sueva que, hoje sabemos, é tardo-romana
e data, possivelmente, do século III d.C.
No entanto, sabemos também que já tinha existido
uma pequena cerca à volta do minúsculo povoado castrejo. A muralha tardo-romana
cercava um pequeno território com cerca de três a quatro hectares e um
perímetro que não chegava aos 800 metros. A muralha fernandina ainda vinha
longe…!
O nosso passeio começa na Sé, centro fulcral e
lógico de tudo o que temos vindo a falar: o zénite gravitacional do Portus Calem; até o nome
se encontra envolto em polémica — porto de abrigo, será a tradução mais
pacífica. Para outros, o nome Calem vem de Calleach, divindade,
figura cimeira da mitologia Celta. Para complicar mais a situação poderá vir de
Kal, ou Cal, termo celta que significa rocha ou pedra; este último serve para
designar o promontório granítico da Pena Ventosa, que se tornou uma das
referências míticas do Porto e que está indissociável da imagem que temos da
cidade, austera e granítica.
Impossível falar do Porto deste tempo sem falar de
D. Hugo. O prelado que engrandeceu o velho burgo portucalense.
Veio de França para a Península, numa altura em que
a Catedral de Santiago de Compostela era motivo para a vinda de inúmeros
religiosos. Foi nomeado cónego de Santiago e, em 1113, é nomeado bispo do
Porto. No ano de 1120 D. Teresa doa-lhe não só a cidade como o Termo do Porto,
ou seja, uma vasta área que ia desde Santa Maria da Feira, Penafiel, Terras da
Maia, Gondomar entre outras mais e, em 1123, D. Hugo concede um foral à cidade
que apenas consta de um conjunto de direitos e obrigações mas, elaborados de
uma maneira tal, que vem a ser o responsável para que a cidade comece,
lentamente, a crescer e a tornar-se ela mesma o centro de toda uma região.
Hoje, segundo os Censos de 2011, a Sé tem 3 650
habitantes, no entanto, em 1960 a Sé tinha 14 651 habitantes, cerca de quatro
vezes mais, donde podemos aquilatar o despovoamento do centro histórico.
Sem comentários:
Enviar um comentário