sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Freguesia da Sé



FREGUESIAS DO PORTO
1ª PARTE - CENTRO HISTÓRICO

FREGUESIA DA SÉ


Podemos dizer que foi aqui que tudo aconteceu. A Sé, o velho promontório rochoso da Pena Ventosa é (juntamente com a Ribeira?) o mais antigo local de ocupação humana, de uma forma perene, que o Porto conheceu.
A zona da Sé foi ocupada pela cultura castreja que, apesar de tudo, não nos deixou muitos elementos físicos da sua presença. Nada de novo, no que à civilização castreja diz respeito.
Segundo alguns autores, terão existido centenas de povoados no Norte de Portugal e, no que à Sé diz respeito, foi na vetusta Rua de D. Hugo que foram encontradas as provas dessa mesma ocupação. A datação aponta para a segunda metade do primeiro milénio a.C.
Depois vieram os Fenícios e chegamos à fase que nos interessa, a construção da muralha dita sueva que, hoje sabemos, é tardo-romana e data, possivelmente, do século III d.C.
No entanto, sabemos também que já tinha existido uma pequena cerca à volta do minúsculo povoado castrejo. A muralha tardo-romana cercava um pequeno território com cerca de três a quatro hectares e um perímetro que não chegava aos 800 metros. A muralha fernandina ainda vinha longe…!
O nosso passeio começa na Sé, centro fulcral e lógico de tudo o que temos vindo a falar: o zénite gravitacional do Portus Calem; até o nome se encontra envolto em polémica — porto de abrigo, será a tradução mais pacífica. Para outros, o nome Calem vem de Calleach, divindade, figura cimeira da mitologia Celta. Para complicar mais a situação poderá vir de Kal, ou Cal, termo celta que significa rocha ou pedra; este último serve para designar o promontório granítico da Pena Ventosa, que se tornou uma das referências míticas do Porto e que está indissociável da imagem que temos da cidade, austera e granítica.
Impossível falar do Porto deste tempo sem falar de D. Hugo. O prelado que engrandeceu o velho burgo portucalense.
Veio de França para a Península, numa altura em que a Catedral de Santiago de Compostela era motivo para a vinda de inúmeros religiosos. Foi nomeado cónego de Santiago e, em 1113, é nomeado bispo do Porto. No ano de 1120 D. Teresa doa-lhe não só a cidade como o Termo do Porto, ou seja, uma vasta área que ia desde Santa Maria da Feira, Penafiel, Terras da Maia, Gondomar entre outras mais e, em 1123, D. Hugo concede um foral à cidade que apenas consta de um conjunto de direitos e obrigações mas, elaborados de uma maneira tal, que vem a ser o responsável para que a cidade comece, lentamente, a crescer e a tornar-se ela mesma o centro de toda uma região.
Hoje, segundo os Censos de 2011, a Sé tem 3 650 habitantes, no entanto, em 1960 a Sé tinha 14 651 habitantes, cerca de quatro vezes mais, donde podemos aquilatar o despovoamento do centro histórico.



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