O MUNDO FINANCEIRO PORTUENSE ( SÉCULO XIX )
A cidade alavancada pela dinâmica económica, vai ver nascer
no seu seio inúmeras instituições de crédito que a vão fazer rivalizar com
Lisboa, pelo menos até à " Salamancada" de que iremos ao longo
destes capítulos dedicados ao mundo financeiro portuense.
Uma verdadeira febre capitalista e financeira varreu o país
criando a partir dos anos setenta do século XIX uma verdadeira plutocracia que
como dissemos vai ter o seu infeliz desenlace com a " Salamancada".
Para se ter a noção das casas bancárias criadas num curto
espaço de tempo, vamos elencar a relação delas e os anos em que foram criadas:
BANCOS
Banco Comercial do Porto – 1835 (Desapareceu em 1942)
Banco Mercantil Portuense – 1856 – (1)
Banco União do Porto – 1856 – (1)
Banco Aliança – 1863
Nova Companhia de Utilidade Pública – 1864- (1)
Banco Industrial do Porto – 1874
Banco Português - 1875 – (1)
Banco de Comércio e Indústria - 1876 - (1)
(1) –
Todos Fundidos no BCP
CASAS BANCÁRIAS EM 1894
Cardoso Lopes & Cª
Carlos José da silva & Cª
Casais & Filhos
Eduardo da Costa Correia Leite
Joaquim Pinto Leite & Cª
Pinto da Fonseca & Irmão
Pires Soares & Cª Lda.
Coimbra & Filhos
AGÊNCIAS BANCÁRIAS NO PORTO 1888- 1910
Banco do Alentejo
Banco de Bragança
Banco de Chaves
Banco Comercial de Coimbra
Banco Comercial de Guimarães
Banco Comercial de Lisboa
Banco Cooperativo e Comercial
Banco da Covilhã
Banco do Douro
Banco Eborense
Banco de Guimarães
Banco Lisboa & Açores
Banco Lusitano
Banco Mercantil de Braga
Banco Mercantil de Viana
Banco do Minho
Banco Nacional Ultramarino
Banco de Portugal
Banco da Régua
Banco de Viana
Banco de Vila Real
London & Brazillian Bank Ltd
Banco Português e Brasileiro (após 1894)
Banco Economia Portuguesa (após 1910)
Crédit Franco Portugais
CASAS DE CÂMBIO ENTRE 1884 - 1910
António Francisco de Castro
António Inácio da Fonseca
Aparício Augusto da Cunha Sampaio
Bacelar & Carregosa
Borges & Irmão
Cândido Dias Ltd.
Castro Barbosa & Cª
Domingos José de Antas
Jerónimo Pereira de Sousa
José Júlio da Costa
José Pereira de Sousa Júnior
Lourenço Marques de Almeida
Luís Ferreira Alves
Manuel José de Macedo
Ricardo Soares Duarte
Santos Oliveira & Cª
João Machado Lobo
José Maria Durão
Lourenço Joaquim Carregosa
A.J. Fernandes Magalhães
Bernardino F.A. Campos
Chaves & Freitas
Dias & Dias
Francisco Oliveira Moutinho
Joaquim Alves Oliveira
Luís Alves da Silva Rios
Sá & Cunha Lda.
Sebastião José Machado Guimarães
Úrsula Maria Ramos
Viúva Cunha & Filhos
J.W. Burmester
Francisco José de Faria
José Augusto Dias & Filho
Como já perceberam foi uma verdadeira explosão de
estabelecimentos bancários, todo o país foi atravessado por uma febre
expansionista, no que ao mundo financeiro respeitava.
Mas tudo era demasiado artificial, Portugal não tinha uma
dinâmica capitalista que lhe permitisse esta realidade. Oliveira Martins dizia
que o país era uma granja e um banco. E a indústria? Nunca tivemos uma
verdadeira Revolução Industrial, tivemos foi industrialismo, algo diferente.
Aliás, nem podíamos, altas taxas de analfabetismo, população
rural, com poucos centros urbanos dignos desse nome. Só tínhamos mesmo uma
grande cidade, Lisboa, já com 300.000 habitantes, longe vinha o outro centro
urbano, o Porto, com cerca de metade, e com uma enorme diferença, Braga,
Setúbal, Aveiro, Coimbra, com cerca de 20.000 habitantes. Em suma, não passavam
de vilas grandes.
Esta economia ainda por cima estava muito dependente dos
humores da economia brasileira. Sempre que esta espirrava, Portugal
constipava-se...
Em 1892, com Oliveira Martins como ministro das Finanças e
José Dias Ferreira, como primeiro ministro, Portugal vai sofrer uma crise
financeira muita grave, que gerou a bancarrota do Estado Português, que
suspendeu o pagamento da dívida.
Sem comentários:
Enviar um comentário