quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

SAMPAIO BRUNO
(30-11-1857 – 06-11-1915)



De seu nome completo José Pereira de Sampaio, adoptou o nome de Sampaio Bruno como pseudónimo literário. Filho de pai mação e anticlerical, cedo começou nas lides jornalísticas, já que, aos catorze anos, publica no “Jornal da Tarde” o seu primeiro artigo.
Experimentou diversas áreas do saber, tais como a Medicina e as Ciências. No entanto, do que ele gostava mesmo era das Letras. Aos 17 anos, publica a sua primeira obra de carácter filosófico com o título “Análise da Crença Cristã”, obra que levantou bastante polémica na época pelo seu fundo subversivo. O racionalismo deísta e as ideias liberais foram as influências dominantes no seu pensamento. No Porto, a sua cidade, funda diversos jornais, tais como: “O Democrata”, “O Norte Republicano”, “A Discussão”, etc.
 No final dos anos setenta do século dezanove, adere ao Partido Republicano e, juntamente com Antero de Quental, Basílio Teles e outros, forma a Liga Patriótica do Norte onde é o responsável pelos respectivos estatutos, como forma de protesto ao ultimato inglês de 1890.  Participou no 31 de Janeiro, primeira tentativa militar de derrubar a monarquia, o que o levou ao exílio até 1893. No exílio em  Paris  (juntamente  com  João  Chagas),  convive  com  Santos  Dumont, Verlain e António Nobre.   
   Diz-se que a depressão que o afectou o levou para um pensamento mais místico e esotérico, mergulhando na cultura agnóstica de inspiração judaica e na cabala. O seu carácter íntegro e honesto leva-o a afastar-se do partido, desiludido com o rumo que a situação estava a tomar.
Homem de vasta cultura, foi escolhido após a implantação da república para dirigir a Biblioteca Pública do Porto. Miguel de Unamuno vinha de propósito de Madrid visitá-lo ao Porto onde, na padaria do seu pai, Sampaio & Filhos, onde anos depois abriria a Padaria Ceres, na Rua de Bonjardim, tinham conversas até altas horas da noite. Fernando Pessoa chegou a corresponder-se com ele e mandou-lhe o primeiro número da revista “Orpheu” para que ele lhe desse uma opinião sobre as temáticas abordadas.                                                                                                    
Jardim da Cordoaria ou Jardim João Chagas, segundo o Prof. Francisco Ribeiro da Silva o espaço verde mais antigo do Porto. Data já de 1611 a plantação da Alameda da Cordoaria. O jardim foi inaugurado em 1865 e é um projecto do jardineiro paisagista alemão Emílio David.
Em 2001, à excepção das árvores, foi tudo arrasado e transformado.O jardim de Emílio David parece estar perdido para sempre.

RUA JAYME RIOS DE SOUSA

A pequena artéria que liga o Jardim Carrilho Videira (Jardim do Carregal) à Rua do Rosário teve até aos anos 70 o nome de Travessa do Rosário, mas, em 1974, foi decidido pela comissão de toponímia da câmara homenagear o nome de Jaime Rios de Sousa. Mas quem era este emérito professor?
Jayme Rios de Sousa nasceu em 1909. Estudou na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto onde se doutorou em Julho de 1945.
Das diversas obras publicadas, temos que referir as ligadas
à área da Geometria, tais como: “Noções de Geometria Euclidianas e não Euclidianas” (1946) e “Estudo de algumas Questões de Geometria e sua aplicação à Geometria de Lobatschewsky” (1957). Em sua homenagem, a Universidade do Porto instituiu dois prémios: Prémio Professor Jaime Rios de Sousa, em 1980, na área da Geometria e outro na área da Análise Infinitesimal dos cursos da Faculdade de Ciências.
Foi o primeiro director do Centro Escolar da Mocidade Portuguesa no Porto, em 1941. Este centro foi muito importante não só para a criação do primeiro lar de estudantes, como do primeiro centro universitário português, o CDUP, ao qual o professor esteve muito ligado, a tal ponto que uma das residências dos Serviços Sociais tem o seu nome.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Toponímia Feminina Portuense




O Porto faz parte do grupo, muito restrito, de cidades “no masculino”. Nascemos n”o” Porto. Vamos a“o “ Porto. Aquilo é d“o” Porto… E quando se concebeu uma estátua que representasse a cidade, a figura escolhida foi, obviamente, masculina: a do guerreiro “o Porto”....É de tudo isto, e muito, muito mais, que nos fala o livro que tem  entre mãos. Ao longo das páginas seguintes deixe-se, pois, conduzir pela mão e mestria do César Santos Silva, pelas ruas, vielas, congostas, praças e escadas da cidade. Profundo conhecedor da história do Porto e da sua toponímia, o autor é um guia esclarecido e esclarecedor. De A (que o mesmo é dizer da Rua Adelaide Estrada) a Z (que neste caso é V, relativo à Rua das Virtudes) César Santos Silva revela-nos 146 topónimos femininos do Porto. Uma cidade escrita no masculino, mas que não renega a sua faceta feminina.

Parte do prefácio de Joel Cleto



Estádio do Lima ( 1924 - 1972) . pertencia ao Académico FC.
Dadas as condições exíguas do campo da Constituição, o FC Porto utilizava este estádio, que também tinha pista de atletismo e de ciclismo, além de pavilhão e campo de basquetebol.
O dia 6 de Maio de 1948 viria a ficar na história do futebol porque o Arsenal de Londres, considerada a melhor equipa do mundo, veio jogar contra o Porto e foi derrotada por 3-2.
Esta vitória foi ainda mais surpreendente porque o Arsenal dias antes tinha ganho por 4-0 ao Benfica , em Lisboa e o Porto estava a fazer um mau campeonato dado que viria a terminá-lo no 5º lugar.
Mas esse era o dia do Porto, Correia Dias ( 2 golos, jogador que pesava 100 quilos ) e Araújo, o outro golo, desbarataram a defesa inglesa,  juntando a isso a grande exibição do guarda redes Barrigana, levando ao rubro os milhares de portistas que enchiam o estádio.
Por causa disso o mundo portista cotizou-se e na Ourivesaria Aliança mandarem fazer um troféu, que é de longe o mais imponente que o Museu do FC Porto alberga. São mais de 300 quilos, sendo cerca de 120 deles de prata.





Palácio de São João Novo, construído no séc. XVIII, 1727, para residência de Pedro da Costa Lima, fidalgo da Casa Real.
O projecto é do mestre António Pereira. Nele esteve instalado o Museu de Etnografia e História do Douro Litoral, criado em 1945 e considerado o mais rico deste género em Portugal, com mais de 4.000 peças. O museu foi encerrado nos anos noventa do século, tendo as suas obras sido distribuídas por diversos museus da região.







O Palácio de Cristal foi inaugurado pelo rei D. Luís em 18.9.1865 e era da autoria do arquitecto inglês Thomas Dillen Jones que se inspirou no Crystal Palace de Londres.
Durante mais de 80 anos nele se realizaram exposições, concertos, bailes e outros eventos. Em 1933, foi adquirido pela Câmara Municipal do Porto que o mandou destruir em 1951 para nesse espaço construir um pavilhão desportivo. Com o Palácio desapareceu todo o seu recheio, como madeiras preciosas e o famoso órgão de tubos.




Casa da Fábrica. Este belo edifício,  que pertenceu ao Visconde e depois Conde de Laborim,  José Joaquim Gerardo de Sampaio, foi demolido em meados do século XX para no local ser construído o Hotel Infante de Sagres. As pedras foram guardadas com a promessa da Câmara Municipal de que seria  reconstruido noutro local…Nunca aconteceu.





Convento de São Bento da Avé Maria, mandado construir por D. Manuel I em
1518 e demolido em 1894 para no local ser edificada a estação de caminho de  ferro de S. Bento
HOSPITAL de S. JOÃO





Oficialmente Inaugurado em 24 de Junho de 1959. Obra do arquitecto alemão Hermann Distel        ( 1875-1945 ). Este arquitecto também foi o autor do quase "gémeo" Hospital de Santa Maria, este inaugurado em 1953. 

Gravura mostrando a Barra da Foz. Pode-se ver o Castelo, a Capela  Farol de
S.Miguel o Anjo, ao cimo, no lado direito, o Monte da Luz, em baixo à direita, podemos observar

a Capela da Lapa.
AVENIDA SIDÓNIO PAIS

Artéria recente, sem praticamente nenhuma história, ela foi aberta em 1953 para possibilitar o escoamento viário da cidade para norte. Esta evolução urbana corporizou as ideias de homens como Antão de Almeida Garrett que advogavam já nos anos 40 a criação da “Via Rápida” e da “Via Norte”.
Sidónio Pais nasceu em Caminha em Maio de 1872. Em 1890, foi convidado para a docência de Cálculo Diferencial e Integral da Universidade de Coimbra. Simultaneamente, seguiu a vida militar e, em 1892, completou o Curso da Escola do Exército, vindo depois a ser oficial de Artilharia. A nível académico, fez propostas para a reestruturação da Primeira Cadeira da Faculdade de Matemática com pormenores detalhados. Exerceu cargos políticos: deputado à Assembleia Constituinte, Ministro do Fomento e Ministro das Finanças. Em 1912, foi nomeado ministro português em Berlim, cargo que desempenhou até que a Alemanha nos declarou guerra em Março de 1916. Neste país assistiu a grandes paradas e exibições marciais, donde lhe teria vindo a sua grande paixão pelos regimes presidencialistas.
Em Dezembro de 1917. Sidónio Pais encabeça o golpe militar que o levou a ser eleito presidente da República. A sua governação, demasiado próxima dos monárquicos, fez com que vastos sectores republicanos o hostilizassem. Esta situação de crise levou-o a governar em ditadura, aumentando ainda mais a crispação política. Em Dezembro de 1918, Sidónio foi alvejado na estação do Rossio,em Lisboa, quando se preparava para viajar para o Porto.
Alguns historiadores advogam que o "Sidonismo" foi uma espécie de fascismo “avant la lettre”, já que o fascismo italiano ainda estava longe. Após a sua morte, Egas Moniz (futuro prémio Nobel da Medicina) referiu que Sidónio era um “homem cheio de virtudes e extraordinárias qualidades que um desvario messiânico perdeu”. Fernando Pessoa, dedicou-lhe um pequeno livro intitulado,chamado " Presidente Rei".
Toponímia Feminina  Portuense - V


Amparo (Rua do)


Início – Flores ( Praça)
Fim –    Fernão de Magalhães ( Avenida)

Freguesia de: Bonfim

Outras Designações – Viela da Palha
                                                                                                                      Nossa Senhora do Amparo


A antiga Viela da Palha,   deverá ter sofrido a mudança para a actual designação em virtude da existência no local de um pequeno oratório dedicado à Nossa Senhora do Amparo.
Não se conhece a data em que este arruamento foi rasgado, mas existem referências  à artéria pelo menos desde 1843.
Sendo Mãe Maria conselheira espiritual do mundo católico, todos se querem colocar debaixo do seu amparo.  Daí o título de Nossa Senhora do Amparo.

Oração a Nossa Senhora do Amparo

Ó dulcíssima Soberana do Amparo, bem sabemos que, miseráveis pecadores, não éramos dignos de vos possuir neste vale de lágrimas, mas sabemos também que a vossa grandeza não vos faz esquecer a nossa miséria e no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir, aumenta cada vez mais para connosco. Do alto do trono em que reinais sobre todos os Anjos e Santos, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos!”


PRAÇA DE GOMES TEIXEIRA

Não faltam ruas, praças, avenidas, etc., na nossa cidade, que não tenham duas toponímias. A oficial e a popular. A popular é         consagrada pelo tempo, pelos hábitos, pela história e memória dos lugares e quase sempre traduzem a evolução dos sentimentos dos portuenses em relação a eles. Um desses espaços urbanos é, sem sombra de dúvidas, os “Leões”, uma das praças nobres por excelência do Porto e mais conhecida por aquela designação do que a consagrada pela Câmara. Oficialmente chama-se Praça de Gomes Teixeira, mas aqueles leões alados, colocados no meio da praça no século XIX pela companhia francesa que estava a administrar as águas da cidade, caíram no goto das pessoas que diziam que aqueles leõezinhos eram filhos da águia e do leão colocados na Rotunda da Boavista, perdão, Praça de Mouzinho de Albuquerque! Mas não se pense que aquele nome foi o único que aquele espaço ostentou. Nada disso. Já foi Largo do Carmo, Praça do Carmo (o convento dos carmelitas, próximo, influenciou), Praça dos Voluntários da Rainha em 1835, Praça da Universidade e até Praça do Pão, apesar da designação ter sido importada da vizinha Praça de Santa Teresa.
Gomes Teixeira nasceu em Armamar no dia 1851. Em 1874, licenciou-se em Matemáticas com 20 valores na Universidade de Coimbra. No ano seguinte, doutorou-se com igual valor, facto sem precedentes na Universidade. Aos 25 anos, foi convidado para professor universitário e, aos 30, já era Catedrático de Cálculo Infinitesimal e Integral. Vem para o Porto, para a Academia Politécnica (antecessora da Faculdade de Ciências). É nomeado reitor até 1919, quando atingiu o limite de idade que o afasta da docência, mas o seu prestígio leva-o à direcção do Instituto de Investigação Científica da História das Matemáticas Portuguesas.
Gomes Teixeira morre em 1933, com 82 anos. No seu elogio fúnebre, Duarte Leite, outro grande matemático e historiador, considerou-o o maior matemático da Península e um dos mais respeitados da Europa. Parece que, na altura da sua morte, era mais conhecido e respeitado no estrangeiro do que em Portugal! – Algo clássico como sabemos… Por isso é que, contrariando a regra de consagrar sítios na cidade com nomes que nada têm a ver com o local, o nome de Gomes Teixeira merece plenamente estar imortalizado no local onde a sua carreira docente esteve ligada.   
Toponímia Feminina  Portuense - IV

Amália Luazes (Rua de)


Início – Guilhermina Suggia ( Rua de)
Fim –    Agostinho de Campos (Rua)

Consagrada desde - 1973


Freguesia de: Bonfim
 
Uma pedagoga consagrada na toponímia portuense.
Amália Luazes dos Santos Monteiro nasceu no Porto em 1865 e conclui o Magistério na Escola Normal em 1886.
Começou a leccionar e cedo mostrou dotes e qualidades para o ensino.
Posteriormente transferiu-se para Lisboa, onde vai percorrer uma série de escolas onde em todas elas revelas qualidades superiores no que à pedagogia dizia respeito.
Funda em 1916 o  Instituto do Professorado Primário Oficial, que posteriormente se chamará  Instituto  Dr. Sidónio Pais, após o assassinato deste).
Leccionou ainda sem diversos municípios do país, tais como, Sacavém, Valença do Minho, Oeiras.
Aposentou-se em 1935, depois de uma vida inteira dedicada à nobre causa da educação.
Foi condecorada com o Grau de Oficialato da Instrução Pública.

Obras Principais:
  • Método Legográfico Luazes
  • Contos para os Nossos Netos
  • A Escola da Vida
  • Leituras Instrutivas
A artéria que a consagra é uma pequena rua com pouco mais de sessenta metros e que faz a ligação entre as ruas de Agostinho de Campos e de Guilhermina Suggia entre a zona das Antas e a  rua que imortaliza outro grande nome do ensino, Bento de Jesus Caraça.

AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO

Fontes Pereira de Melo nasceu em Lisboa no dia 8 de Setembro de 1819. Aos 13 anos, foi para o serviço militar, facto este que iria marcar todo o seu percurso futuro, já que se viria a revelar um dos mais brilhantes oficiais do seu tempo. Aos 21 anos, casa em Cabo Verde com a filha de um rico plantador local, mas, no ano seguinte, fica viúvo e perde a filha logo a seguir. A tragédia que se abateu na sua vida pessoal iria repercutir-se em todo o seu percurso de vida, já que nunca mais se casou e dedicou toda a sua vida à política e à governação. Toda a sua acção foi vocacionada no sentido de levar Portugal à modernização, tanto do aparelho político como das infraestruturas que no seu entender gerariam o progresso económico que iria tirar o país dos últimos lugares no que ao desenvolvimento dizia respeito.
Dado este pressuposto, não é de estranhar que todo o processo político pós Regeneração se tivesse chamado “Fontismo”, nome que em Portugal teve todo o período de acalmia sociopolítica gerada pela revolta liderada pelo Marechal Saldanha em 1850 e que veio a dar a Monarquia Constitucional que perdurou até ao 5 de Outubro de 1910.
Mas o que foi o Fontismo? Foi um conjunto de obras públicas (estradas, caminhos-de-ferro, telégrafos, pontes, etc.) que, a partir do quase zero, dotou o país das infraestruturas mínimas para responder ao desafio desencadeado pela Revolução Industrial. Claro que tudo isto teve um custo. Num país sem grandes recursos e com uma iniciativa privada incipiente, teve que ser o Estado a financiar todas estas obras. Acontece que o próprio Estado era pobre e teve de recorrer ao empréstimo externo, o que veio agravar as nossas já depauperadas finanças públicas.
Fontes esteve 20 anos no poder, 12 como primeiro-ministro, em períodos intercalares. Serviu D. Pedro V, D. Fernando II (regente) e D. Luís. Homem frontal e rígido, grande talento político, queria liberdade sem anarquia e ordem sem despotismo. Queria acabar de vez com o ciclo vicioso da pobreza, costumes ancestrais e atavismos que vinham de longe. Nunca se deixou corromper (algo que quase nenhum político na época podia dizer) e por isso marcou de uma forma indelével o seu tempo.
A cidade do Porto consagrou-lhe uma avenida que nasceu à ilharga de uma das saídas da cidade para Norte: a Via Rápida. A avenida Fontes Pereira de Melo começa junto à avenida AIP e termina junto ao Bairro do Viso. É uma artéria sem qualquer valor histórico que foi rasgada nos anos 60 (1966) para ligar a citada avenida ao nascente bairro
Toponímia Feminina  Portuense - III

Aldas (Rua das)


Freguesia de: Sé

Uma das ruas mais antigas do Porto.
A origem da Rua das Aldas perde-se na memória do tempo e remonta certamente aos princípios da
Nacionalidade.
Mas qual a origem do topónimo? Em rigor não se sabe.
Alguns autores dizem-nos que Aldas vem de Aldaraou de Santa Aldara, ou ainda Ilduara, a mãe de S. Rosendo, o famoso Bispo de Dume.
Nome muito popular na Galiza, segundo alguns etimólogos vem do germânico, hild guerreiro e wars, sábio.
Era nora de Afonso III e cunhada de Ordono II da Galiza.
Foi uma das mais poderosas mulheres do seu tempo (século IX), casou com Gutierrez Menendiz e esta ligação vai proporcioná-los serem uma das mais poderosas famílias da Galiza neste período.
A sua administração foi considerada muito sensata e ponderada no que ao exercido da autoridade dizia respeito.
Juntamente com o seu filho, o futuro S. Rosendo, funda o Mosteiro de S. Salvador de Celanova, ao qual doou grande parte do seu património no final da vida.
Mulher de grande beleza era também conhecida pelas suas virtudes e forte sentido religioso.
No final da vida retirou-se para um convento alheando-se das coisas mundanas o que a tornou quase santa aos olhos do povo.
Dos seus cinco filhos, o mais famoso seria Rosendo que se tornaria Bispo de Dume e Celanova e administrador apostólico da Sé de Iria- Santiago de Compostela.
Outros autores dizem que Aldas é o nome de uma medida medieva pela qual se mediam os panos.
A rua também esteve envolvida numa confusão de mudança de nome que uma vereação camarária decidiu fazer no século XVIII.
A Rua das Aldas já se chamou Rua de Sant’ana, a rua que tem esta designação chamou-se outrora Rua das Aldas!
No século XIV os judeus tinham aqui uma pequena sinagoga, daí a designação Rua da Sinagoga pela qual a artéria era conhecida.

Hoje é uma rua como que adormecida no tempo, povoada por uma população idosa e sofrendo também ela a sangria populacional que toda a Zona Histórico do Porto está vivendo desde os anos oitenta do século XX.
RUA DE SANTOS POUSADA


A artéria que hoje liga a praça Teixeira de Pascoais à rua de Fernandes Tomás tem o nome de Santos Pousada, mas nem sempre foi assim. De facto, desde 1873 até 1913, esta rua tinha o nome de S.Jerónimo que partilha com Santo Agostinho, Santo Ambrósio e S. Gregório Magno (que viria a ser o papa Gregório I entre 590 e 604) o título de doutores da igreja latina. S. Jerónimo deve a sua fama ao facto de, a pedido do papa Dâmaso I, ter traduzido a Bíblia para latim, tradução essa que ainda hoje se usa, a chamada “Vulgata”. S. Jerónimo nasceu no norte de Itália em 374 e, ao longo da sua vida foi um polemista notável e um opositor às diversas heterodoxias que iam surgindo.
Santos Pousada, de seu nome completo António José Santos Pousada (1854-1912) foi professor na Escola Industrial de Vila Nova de Gaia e tornou-se paladino de uma causa nobre que era a de tornar acessível a toda a gente a instrução pública, propósito este que, nos finais do século XIX, ainda parecia algo utópico. Envolveu-se também nos ideais republicanos, apesar de só ter vivido dois anos sob o signo da República. Foi este envolvimento que fez com que, em 1913, o regime recém vencedor quisesse perpetuar o seu nome na toponímia do Porto.

Num guia da cidade de 1896, podemos ver que esta artéria nascia na rua do Poço das Patas (actual rua de Coelho Neto) e ia até ao largo da Póvoa (actual praça da Rainha D. Amélia), vindo só posteriormente a ser prolongada até à Praça Teixeira de Pascoais.

Toponímia Feminina  Portuense - II


Albertina de Sousa Paraíso 


 

Albertina Sousa Paraíso nasceu na cidade do Porto em 11 de Janeiro de1864.Filha da classe média da cidade, seu pai era director bancário e sua mãe directora de um colégio.
Desde cedo se envolveu na política, participa na Revolta do 31 de Janeiro, mas a sua acção no Porto é mais sentida no que respeita à criação de revistas femininas.
Dirigiu o Almanaque das Senhoras Portuguesas e Brasileiras, 1885-1887, e o Almanaque das Senhoras Portuenses, 1889, sentindo que o fulgor revolucionário do Porto estava a quebrar-se decide ir para Lisboa continuar o seu sonho da criação de uma Pátria mais justa para as mulheres.
Na capital vai dirigir uma página “ Jornal da Mulher”, no jornal “ O Mundo”. Lança a revista “ Alma Feminina” e aqui vai ter a colaboração de vultos do republicanismo, como Guerra Junqueiro, João Chagas e Teófilo Braga.
Mulher empenhadíssima, vamos vê-la a participar nas manifestações contra a guerra que se adivinhava na Europa e corresponde-se com Ana de Castro Osório a grande referência do feminismo português da época.
Mulher sensível e culta, Albertina Paraíso escreve poesias em algumas publicações e ainda jovem cursou Belas Artes no Porto.
Graças a isso, divulga diversas pintoras em todas as revistas que vai dirigindo e publicando ao longo da sua vida.
Faleceu em Lisboa em 25 de Fevereiro de 1954.
A artéria que a homenageia é uma via recentemente aberta na freguesia de Paranhos.

RUA DE MIGUEL BOMBARDA



A artéria que liga a rua de Cedofeita à rua da Boa Nova evoca desde a implantação da República o nome do médico e psiquiatra Miguel Bombarda. Mas nem sempre foi assim pois, se consultarmos as plantas da cidade referentes ao século XIX, vemos que a rua ostentava o nome de rua do Príncipe. Na planta de Clark de 1833, a rua ia só até à rua do Rosário; na de Costa Lima (1839), tinha já a sua fisionomia actual. Mas existe um facto curioso: é que o jornal “Crónica Constitucional” (jornal oficial do Porto durante o Cerco) chamou-lhe sempre rua Nova do Príncipe!
Mas quem era este príncipe? Era o futuro D. João VI, “O Clemente” que foi mais tempo príncipe regente que rei. D. João VI assumiu a regência por doença de sua mãe, D. Maria I, até 1816, ano da morte desta, mas com a côrte já no Brasil onde se instalou desde a primeira das invasões francesas em 1807. Como já referi, após a implantação da República, o nome da rua foi mudado (assim como dezenas de outras) para homenagear um republicano famoso e só assim é que se compreende que o nome não ostente o “Dr.”, como seria normal, o que prova que mais que o médico se estava a imortalizar na toponímia o político. Por ironia do destino, Miguel Bombarda morreu na antevéspera da queda da monarquia – assassinado por um doente mental, Aparício Rebelo dos Santos, militar paranoico.
Miguel Bombarda nasceu em 1851 no Rio de Janeiro e o seu interesse pela psiquiatria deu-se muito cedo, pois logo em 1877 publicou um ensaio subordinado ao tema “Delírio das Perseguições”. No início do século XX, já era presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e, em 1906, organizou o XV Congresso Internacional de Medicina. Nos
últimos anos da sua vida envolveu-se na política, assumindo alguma radicalidade, nomeadamente nas posições anticlericais.
No entanto, a imagem que ficou foi a de um homem dotado de uma capacidade intelectual notável, exemplar típico do médico
com uma grande influência social e política. Hoje, a rua é conhecida principalmente por albergar cerca de quinze galerias de arte (a rua e as suas adjacências) o que lhe dá, sobretudo nos dias de inaugurações – que são sempre ao sábado, um ar cosmopolita, o que já levou a chamar à zona o “Soho” do Porto, em referência ao conhecido bairro intelectual londrino.
Para terminar, será curioso referir que a pequena artéria que liga a rua Miguel Bombarda à travessa do Carregal, e que desde 1941 se chama Diogo Brandão, era a rua particular Miguel Bombarda.

Toponímia Feminina  Portuense - I

Dra. Adelaide  Estrada

A única médica consagrada na toponímia portuense.
Adelaide Estrada  nasceu na cidade do Porto em 29 de Setembro de 1900. Foi assistente da Faculdade de Medicina, Bolseira e estagiária no Instituto de Alta Cultura, integrou ainda várias instituições científicas e manteve uma colaboração regular nas revistas da especialidade e sobre os temas que eram alvo das suas pesquisas, histologia, análises clínicas, citologia, etc.
Discípula e amiga íntima de Abel Salazar participou activamente nas campanhas dos Generais Norton de Matos e Humberto Delgado à Presidência da República. Faleceu a 18 de Outubro de 1979.
A rua que a consagra fica na zona da Prelada.
A Cidade Cooperativa da Prelada foi construída na Quinta do mesmo nome.
Inicialmente com cerca de 590 fogos, o empreendimento foi um sonho tornado realidade através da conjugação de esforços de diversas cooperativas de habitação, hoje tem certamente bastante mais, já que as construções continuaram a crescer  o que trouxe um problema de escoamento do  intenso transito, que apenas era drenado pela Rua Maria Lamas.
Este problema começou a ser ultrapassado dado que a junta de freguesia conseguiu junto da Câmara Municipal do Porto um conjunto de novas acessibilidades.
RUA DUQUE DE SALDANHA

A toponímia portuense tem algumas particularidades. Uma delas é o facto da mesma personagem ser homenageada em locais diferentes da cidade. Um deles é João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, neto do marquês de Pombal e conhecido na História pelos títulos de Duque de Saldanha e Marechal Saldanha.
A rua Duque de Saldanha é uma artéria que liga o Largo Baltasar Guedes (o fundador do Colégio dos Órfãos) ao Campo 24 de Agosto (que homenageia a data da Revolução Liberal de 1820). Esta via foi aberta nos finais do século XIX nos terrenos da Quinta do Reimão, ou do Cirne, que foi comprada pelos capitalistas de então, Eduardo Pinheiro e Ferreira Cardoso, que também têm direito a nome de rua nas imediações da artéria que hoje estamos a tratar. Estes homens urbanizaram a já citada quinta e as ruas, que nasceram então, homenageiam muitos vultos do século XIX português. Na Foz, Saldanha também é lembrado pelo título (Marechal) outorgado por D. Pedro IV antes das derradeiras batalhas da Guerra Civil de 1832-34 que pôs os liberais no poder. Aqui, a rua com o seu nome liga a Praça de Liège (que até 1914 se chamou Largo do Monte da Luz) à Praça de Goa.
Mas quem foi este personagem? Verdadeiro “Condottiere” à Portuguesa, começa absolutista e colabora na Vilafrancada onde D. Miguel dizima as esperanças dos liberais. Em 1826, já maçónico, dirige o levantamento do Porto que obriga  D. Maria II a aceitar a Carta Constitucional. Depois passa para os Liberais Radicais até 1835 quando deserta para os Moderados. Em 1846, dirige a Guerra Civil causada pela Patuleia e comanda os Cartistas contra os Radicais (que antes apoiava)que bate com violência. Em 1851, com a ajuda de José Passos, derruba os Cartistas e ajuda a impor a Regeneração que vem dar origem ao período da Monarquia Constitucional. Em 1870 (com 80 anos!) faz um novo golpe (a Saldanhada) que o mantem no poder até ser afastado por D.Luis. Vai então para Londres, como embaixador, onde falece em 1876 com 86 anos.
Confusos com estas mudanças e ziguezagues políticos? Não é para menos. Mas há mais: acusado de peculato por uns, detestado pela rainha que preferia Palmela... Saldanha tem ainda tempo para cobiçar a fortuna de Dona Antónia Ferreira (Ferreirinha) e força o casamento com a filha desta. Vendo-se rejeitado, persegue-as com um regimento, o que as obriga a fugir do país para a Galiza, até cair em desgraça junto do rei.
Como se pode ver, a tradição de alguns políticos mudarem de campo conforme os interesses do momento vem de longe, mas este Saldanha representava em si o pior do século XIX: prepotência, saque do aparelho do Estado e incapacidade de seguir a fase de modernização que toda a Europa estava a viver à boleia da industrialização e que poderia ter sido aproveitada para transformar um país eternamente adiado.

A HISTÓRIA DA CASA DE SERRALVES  - 1925 

Carlos Alberto Cabral, 2º Conde de Vizela,( 1895-1968 ), que era filho de Diogo de Cabral, 1º Conde de Vizela e dono da Fábrica de Fiação de Negrelos, e da Fábrica de Fiação do Rio Vizela,  após viagens ao estrangeiro com o arquitecto  Charles  Siclis , 1889-1944,  e o arquitecto Marques da Silva, vai encomendar a estes a Casa de Serralves. Esta ficava numa quinta de veraneio, que era uma propriedade da família em Lordelo do Ouro.
Jacques Gréber foi o autor dos jardins da quinta.
Carlos Alberto Cabral casou  com a francesa Blanche Daubon -?-1970, que tal como o seu marido tinha uma visão cosmopolita que vai ser patente na decoração da casa.
Em 1957, Carlos Alberto Cabral vai vender em 1957 a quinta a Delfim Ferreira, segundo ele para evitar que os seus herdeiros retalhassem a mesma.
Em 1986 o Estado português adquiriu toda a quinta para nela instalar o Museu de Arte Contemporânea. Em 1989 é criada a Fundação de Serralves, hoje uma das mais importantes instituições culturais do país.
É considerado o melhor exemplo de arte Deco em Portugal e é hoje Monumento Nacional.

OS ARQUITECTOS E A CIDADE – II


ROGÉRIO de AZEVEDO - 1898 – 1983

Rogério dos Santos Azevedo nasceu na freguesia de Cedofeita em 25 de Junho de 1898.
Perdeu o pai com apenas 5 anos de idade, indo estudar como aluno interno no Colégio dos Órfãos do Porto, onde iniciou estudos eclesiásticos. Aos 14 anos de idade inscreveu-se na antiga Academia Portuense de Belas-Artes (até 1918).
Diplomou-se na Escola de Belas-Artes do Porto (1920-1926).
Em 1912, com 14 anos de idade, iniciou o curso de Arquitectura na Escola de Belas Artes do Porto, concluído cinco anos depois. Teria de o repetir na sequência da reforma do ensino.
Depois de tantos anos de estudo, obteve o Diploma de Arquitectura pela Escola de Belas Artes do Porto, em 1926, e estagiou com o arquitecto Marques da Silva.
Durante os anos 30 e 40 leccionou as disciplinas de Desenho de Construção, Projecções e Tecnologias no ensino técnico, no Porto e em Viseu. Integrou a Comissão de Estética da Câmara Municipal do Porto (de 1935 a 1938); dirigiu a secção do Porto da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (1936 a 1940) e também se dedicou ao estudo e restauro de monumentos históricos.
Em 1940, Rogério dos Santos Azevedo foi nomeado presidente da Secção Regional do Norte da Associação dos Arquitectos e foi contratado para leccionar a 8.ª Cadeira – Desenho Arquitectónico, Construções e Salubridade das Edificações – da Escola de Belas Artes do Porto, disciplina que assegurou até 1968.

OBRAS MAIS IMPORTANTES

GARAGEM DO COMÉRCIO DO PORTO – 1932

EDIFÍCIO D'O COMÉRCIO DO PORTO -1933

FACULDADE de MEDICINA DA UNIVERSIDADE do PORTO (Onde Esteve o “ICBAS”. Inaugurado em 1935 (Esta obra teve a participação do Arquitecto Baltasar de Castro).

PRÉDIO MAURÍCIO DE MACEDO (RIALTO), PRAÇA D. JOÃO I (1941)

POUSADA DE S. GONÇALO - MARÃO - 1942-1949

ANTIGA CRECHE do COMÉRCIO do PORTO - Mandado construir por António Dias da Silva e Sousa (1855-1943), Marido da D.  Laura Nobre.


HOTEL INFANTE de SAGRES - 1945